quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CINCO ALERTAS PARA CORRETA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Acabo de concluir a leitura do livro “Tecnologia Educacional – política, história e propostas, que reúne artigos de professores argentinos da cadeira de Tecnologia Educacional da Universidade de Buenos Aires. São trezes estudos organizados em três partes: 1 – A Tecnologia Educacional : políticas e projetos - uma definição do campos; 2 – A Tecnologia e a Educação – entre histórias e utopias; 3 – A Tecnologia Educacional e a Escola: nossa proposta. Obra que integra a conhecida e excelente coleção de educação da Artmed.

Num momento em que as escolas brasileiras, em especial as escolas públicas estaduais e municipais, por força dos investimentos do governo federal, através do PROINFO, têm inserido na agenda de trabalho, a utilização dos computadores, selecionei 6 observações, que também poderiam chamar de advertências ou melhor alertas, que pela pertinência que carregam, podem contribuir para ajudar os gestores e professores nas tarefas de incorporação pedagógica do computador à escola, que resulte de fato na melhoria dos padrões de aprendizagem dos alunos.

1º ALERTA

A Tecnologia educacional está envolvida em alguns mitos, que é preciso reconhecer e combater. São eles: 1 – O mito da importância exclusiva do produto sobre o processo, isto é, dos meios sobre a maneira de sua utilização; 2 – O mito de que inovação pedagógica é sinônimo apenas de novos meios, produtos e ferramentas, quando na verdade ela é um conjunto de transformações, onde a tecnologia é apenas uma de suas dimensões; 3 – O mito de que a tecnologia serve para o controle social por parte de alguns poucos indivíduos, na linha das obras de ficção, como em “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, escrita no contexto das críticas ao regimes totalitários.

2º ALERTA

Os professores e estudantes são tanto “consumidores “como “produtores” de tecnologia. O emprego da tecnologia na perspectiva construtivista e de uma escola cidadã estimula, induz, favorece a criação de outros produtos e insumos. Como a origem grega do termo “tictein” - técnica sugere é preciso “criar, produzir, conceber, dar à luz”.

3º ALERTA

“As instituições escolares necessitam de insumos, de computadores, mas fundamentalmente de pessoal docente e não-docentes capacitados”. A solução para a situação de despreparo do pessoal escolar quanto ao uso das novas tecnologias não estar em ter um técnico de informática disponível na escola, para atender as demandas, mas sim atuar na capacitação para que todos possam dominar a tecnologia do computador nas atividades de natureza pedagógica e administrativa.

4º ALERTA

“A utilização dos computadores como recurso didático pode melhorar a aprendizagem sempre que se analise como critérios pedagógicos.” Muitas vezes, numa espécie de “determinismo tecnológico se imagina que pelo fato de se ter o “hardware”, “software”, “a internet” na escola o ensino e aprendizagem vão naturalmente com o tempo alcançar a desejada excelência de qualidade . Ledo engano. Num processo recursivo: deve-se sempre partir do pedagógico, do currículo para a tecnologia e dela para o pedagógico, num círculo permanente e que está sempre avaliado.

5º ALERTA

É preciso reconhecer e superar duas visões dominantes a respeito da Tecnologia da Informação e da Comunicação, entre as quais está o computador e a internet, e que de certo modo são dois grandes obstáculos para o emprego adequado dessas tecnologias na escola.

A primeira visão é a TECNOFOBIA, a visão pessimista, temerosa, apocalíptica, que concebe a tecnologia como algo nocivo, promotora da impessoalidade e desumanização do indivíduo e da sociedade, como se o homem ao longo de sua história não buscasse sempre aperfeiçoar as suas ferramentas e utensílios para melhor prover a sobrevivência e aliviar o esforço tanto físico como mental.

A segunda visão é a TECNOLATRIA, ou seja, a visão excessivamente otimista, de que todos os problemas do homem e da sociedade serão resolvidos pelo utilização do aperfeiçoamento tecnológico, como se por trás dela não estivessem as pessoas com valores, interesses, com frações distintas de poder e diferentes visões de vida e sociedade.